A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou um relatório sobre os conflitos no campo no primeiro semestre de 2024, destacando um aumento significativo na contaminação por agrotóxicos nas comunidades rurais. O número de casos registrados subiu de 19 em 2023 para 182 neste ano, um crescimento quase 10 vezes maior. Segundo a CPT, esse aumento se deve a uma maior conscientização das comunidades afetadas, que passaram a denunciar mais frequentemente os episódios de pulverização aérea de veneno, especialmente no Maranhão, uma região com intensa produção de soja. A prática é vista como uma tentativa de pressionar famílias a deixarem suas terras, em meio ao aumento das monoculturas.
Apesar do crescimento na contaminação por agrotóxicos, o relatório revelou uma queda no número de conflitos agrários em 2024, com 1.056 ocorrências, contra 1.127 no ano anterior. A diminuição dos conflitos é atribuída a uma combinação de fatores, incluindo uma possível maior efetividade das ações de denúncia e mediação. No entanto, os conflitos envolvendo posseiros, indígenas e quilombolas continuam sendo predominantes, com os fazendeiros sendo apontados como os maiores responsáveis por essas violações de direitos.
O relatório também trouxe dados sobre o trabalho escravo, que apresentou uma redução significativa em comparação com o primeiro semestre de 2023, com 59 casos registrados e 441 trabalhadores resgatados. Esse número representa uma diminuição considerável em relação ao ano anterior, quando o total de resgates foi mais de três vezes maior. A CPT afirmou que os dados coletados ajudam a mapear tendências e contribuem para o relatório anual da organização, a ser divulgado em 2025.