O aumento das temperaturas e a crescente incidência de secas e ondas de calor estão afetando negativamente a produção de café no Brasil. Produtores, como Pedro Berengan, relatam condições extremas, com temperaturas acima de 35°C e longos períodos sem chuvas, o que compromete a saúde das plantações. O calor intenso reduz a fotossíntese das plantas, enfraquecendo-as e tornando-as mais vulneráveis a pragas e doenças. Além disso, o impacto no momento da florada pode resultar em aborto floral, diminuindo a quantidade e a qualidade dos grãos.
As projeções indicam que as mudanças climáticas poderão reduzir significativamente as áreas aptas para o cultivo do café em estados tradicionais como Minas Gerais e São Paulo. De acordo com estudos, um aumento de apenas 1°C pode tornar 20% do território de Minas Gerais inadequado para a produção, e uma elevação de 5,8°C poderia eliminar quase toda a área cultivável de café no estado. Ao mesmo tempo, regiões do Sul do Brasil, como Paraná e Santa Catarina, podem se beneficiar do aquecimento, mas as mudanças ainda são limitadas pela preferência de produtores por culturas como soja e milho.
Com a previsão de aumento da população global e o crescente consumo de café, o impacto nas áreas de cultivo pode resultar em uma oferta mais restrita e em preços mais altos para a bebida. A escassez de produção e a queda na qualidade do grão devem afetar tanto a quantidade quanto o sabor do café, tornando o produto menos acessível. No entanto, existem iniciativas em andamento para desenvolver variedades mais resistentes ao clima e técnicas de manejo sustentável que possam mitigar os efeitos das mudanças climáticas na cafeicultura brasileira.