Em agosto de 2024, o número de famílias em situação de rua no Brasil registrou 298.071 inscrições no Cadastro Único, totalizando 308.277 pessoas. Esse crescimento expressivo em relação a 2018, quando foram registradas 116.799 pessoas, reflete a intensificação do problema, que envolve questões econômicas e sociais complexas. O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome apresentou os dados na 37ª edição do Caderno de Estudos, destacando a falta de dados padronizados e consistentes para incluir essa população nas políticas públicas. A análise busca aprimorar as intervenções por meio da atualização do Plano Ruas Visíveis, que visa melhorar as condições dessa população vulnerável.
O estudo também ressalta a heterogeneidade da população em situação de rua, destacando que grupos como mulheres, idosos, pessoas com deficiência, crianças e adolescentes enfrentam vulnerabilidades específicas. A pesquisa revela que jovens, analfabetos, negros e indígenas têm maior probabilidade de dormir nas ruas do que nas instituições de acolhimento, como albergues. Esse fenômeno é descrito como profundamente marcado por desigualdades raciais, com a maioria dos moradores de rua sendo negra, tanto nas ruas quanto nos albergues, o que torna a questão ainda mais urgente.
Embora o Caderno de Estudos reúna importantes dados sobre a população em situação de rua, os pesquisadores apontam que a amostra utilizada não abrange toda a população brasileira. Eles defendem a realização de um censo nacional sobre a situação de rua e a integração de dados administrativos como passos fundamentais para fundamentar políticas públicas mais eficazes. Essas ações são essenciais para garantir que as políticas públicas atendam adequadamente a uma realidade que ainda carece de respostas concretas e baseadas em evidências.