Após 17 anos de relacionamento, a arquiteta Yane Diniz transformou o fim de seu casamento em um evento simbólico de renovação e reflexão sobre os papéis sociais atribuídos às mulheres. Em vez de marcar o que seria uma década de casada, ela optou por celebrar o “dezcasamento”, uma festa para ressignificar o término do relacionamento e celebrar o recomeço. Com a presença de amigos íntimos, Yane fez votos de amor-próprio e transformou alianças de casamento em novas joias, como parte de um processo de autoconhecimento e cura. Para ela, o evento foi uma maneira de questionar as convenções sociais que muitas vezes colocam o fracasso do casamento como um estigma na vida das mulheres.
Yane também usou o “dezcasamento” como uma forma de refletir sobre as pressões sociais que as mulheres enfrentam para manter uma imagem de perfeição no casamento. Em sua visão, a sociedade impõe um roteiro de vida que inclui casar, ter filhos e construir uma família, mas muitas vezes desconsidera o impacto de relacionamentos tóxicos e abusivos. O divórcio, embora doloroso, foi para Yane uma oportunidade de reencontrar sua liberdade e identidade, além de inspirar outras mulheres a questionarem os padrões impostos pela sociedade.
Além de ser um rito pessoal de recomeço, o “dezcasamento” também teve um caráter coletivo, pois gerou reflexões sobre as dinâmicas de gênero em relacionamentos. Durante o processo, Yane recebeu o apoio de sua rede de amizade e de sua mãe, que refletiram sobre suas próprias vivências e os desafios enfrentados pelas mulheres. A arquiteta acredita que, ao abandonar o casamento, não perdeu uma parte de si, mas, ao contrário, conquistou sua liberdade e uma nova compreensão sobre sua própria identidade e o feminismo.