Nos últimos meses, o uso de implantes hormonais manipulados por farmácias gerou preocupação entre médicos e especialistas, após o registro de 257 casos de efeitos adversos à saúde. A maior parte das queixas envolve problemas como queda de cabelo, ganho de peso, acne, além de complicações cardiovasculares em faixas etárias mais jovens. Em resposta, 36 sociedades médicas pediram à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a proibição total desses dispositivos, considerando que, apesar de sua popularidade para fins estéticos e de performance, não há estudos conclusivos sobre sua segurança e eficácia.
Em outubro, a Anvisa chegou a proibir a venda de implantes hormonais, mas em novembro reverteu a decisão, autorizando a produção exclusiva para terapia de reposição hormonal, com restrições para outros fins, como estética ou aumento de massa muscular. A nova regulamentação exige que apenas médicos possam prescrever os implantes, com a obrigatoriedade de informar o Código Internacional de Doenças (CID) e alertar os pacientes sobre possíveis efeitos colaterais. Além disso, todas as prescrições devem ser feitas com uma receita especial e a notificação de qualquer reação adversa passou a ser obrigatória.
Entidades médicas, no entanto, questionam a eficácia das novas medidas, alertando para a necessidade de um sistema de fiscalização mais robusto. Para essas sociedades, a estrutura da Anvisa pode não ser suficiente para garantir a segurança dos pacientes e evitar a propagação do uso indiscriminado desses implantes. A falta de estudos amplos e a pressão pela regularização da prescrição desses dispositivos continuam sendo pontos de debate entre profissionais da saúde.