O texto discute a possibilidade de o Brasil estar entrando em um cenário de dominância fiscal, no qual a política monetária perde eficácia no controle da inflação. Nesse contexto, os aumentos na taxa Selic, ao invés de conterem os preços, podem agravar a inflação ao elevar o custo da dívida pública, ampliando o risco de crédito e pressionando o câmbio. O dólar, diante dessa incerteza, se valoriza, impactando ainda mais os preços devido à dependência de componentes importados no processo produtivo.
A dinâmica descrita é marcada pela ineficácia de ferramentas tradicionais de controle monetário. Apesar da alta nos juros e da atuação do Banco Central com vendas de dólares, a cotação da moeda norte-americana continua a subir, atingindo R$ 6,20. O texto ressalta que, em situações normais, o aumento dos juros no Brasil deveria fortalecer o real, mas a piora fiscal tem se sobreposto, limitando os efeitos esperados da política monetária.
Essa situação reflete uma espécie de armadilha econômica: o país arca com os custos de juros elevados sem colher os benefícios do controle inflacionário. O fenômeno indica que o Brasil pode já estar enfrentando dominância fiscal, uma condição na qual a deterioração fiscal neutraliza os esforços para estabilizar a economia, mesmo com intervenções robustas no mercado financeiro.