O Amazonas ocupa o segundo lugar na Região Norte em número de chacinas registradas entre 1988 e 2023, com 29 casos, ficando atrás apenas do Pará, que lidera a lista com 69 ocorrências. A pesquisa, realizada pelo grupo de pesquisa Clínica de Direitos Humanos e a Rede Liberdade, revela que as chacinas no estado representaram 5,93% do total de ocorrências no Brasil no período, com 826 mortes registradas na Região Norte. As cidades de Manaus, Beruri, Iranduba e Tabatinga, entre outras, foram os principais locais de ocorrência desses crimes.
Entre os principais desafios da pesquisa, destacam-se a falta de dados sistematizados sobre chacinas e a necessidade de recorrer a reportagens para reunir informações. O levantamento identificou um total de 489 chacinas no Norte e Nordeste do Brasil, resultando em 2.117 mortes, sendo 1.291 no Nordeste e 826 no Norte. Embora não tenha sido possível traçar um perfil racial claro, o estudo apontou que comunidades negras, quilombolas e indígenas são desproporcionalmente afetadas por esses crimes, sendo agravado pela falta de monitoramento adequado.
Especialistas em segurança pública, como o historiador Dudu Ribeiro, destacam que as chacinas estão inseridas em uma lógica de violência interna, associada a operações de segurança pública que priorizam a eliminação de determinados grupos. Ribeiro alerta para a necessidade de repensar a segurança pública no Brasil, criticando o modelo militarista e apontando que a segurança deve ter como prioridade a proteção da vida, não a eliminação do “inimigo”. O estudo também relaciona essas ocorrências à chamada “guerra às drogas”, que, segundo especialistas, está mais focada em determinados grupos e territórios do que em uma verdadeira luta contra substâncias ilícitas.