O Banco Central realizou sua maior intervenção desde o início do regime de câmbio flutuante, injetando US$ 21,575 bilhões em leilões à vista ao longo de dezembro. Apesar disso, o real terminou 2024 como a segunda moeda que mais perdeu valor, com uma desvalorização de 27,34% frente ao dólar. O movimento reverteu uma tendência de dois anos de queda da moeda americana e foi impulsionado por fatores internos e externos, como a frustração com as medidas fiscais do governo e a isenção do imposto de renda para salários de até R$ 5 mil, sem garantias claras de compensação.
As intervenções do BC, que incluíram uma ação pontual de US$ 1,815 bilhão para conter a volatilidade cambial, não foram suficientes para neutralizar o impacto das incertezas políticas e econômicas. A volatilidade se manteve elevada, especialmente em função da disputa entre investidores comprados e vendidos, e o dólar alcançou valores máximos durante o mês. Ainda assim, a atuação do BC contribuiu para aliviar a pressão no curto prazo, resultando em uma valorização de 2,98% da moeda americana no mês, menor do que a registrada anteriormente.
Globalmente, a valorização do dólar também refletiu o aumento de juros nos Estados Unidos, preocupações inflacionárias e mudanças inesperadas na política monetária do Banco do Japão. Essas variáveis geraram um movimento de alta em relação a outras moedas emergentes, como o peso mexicano e a lira turca, enquanto o índice DXY registrou um aumento anual de 6,6%. No Brasil, a taxa Ptax fechou o ano com uma valorização acumulada de 27,91%, destacando o real entre as moedas mais impactadas no cenário global.