A valorização do dólar em 2024 tem gerado efeitos distintos sobre os consumidores e setores produtivos no Brasil. O real, que perdeu 26,18% de seu valor em relação à moeda americana até dezembro, tem pressionado principalmente os consumidores, que enfrentam aumento nos preços de produtos importados e bens industrializados. Esse movimento cambial também prejudica a indústria, especialmente a de transformação, que depende de insumos estrangeiros. No entanto, alguns setores produtivos, como o agronegócio e a mineração, se beneficiam da alta, uma vez que suas receitas estão atreladas à cotação do dólar, o que aumenta o faturamento das exportações.
Exportadores de commodities, como os do agronegócio e da mineração, têm visto vantagens com o dólar forte. Empresas desses setores não só recebem mais em reais por suas exportações, como também enfrentam menores custos de importação, já que grande parte dos insumos é produzida internamente. A flexibilidade no fluxo de caixa, com estoques de insumos e a possibilidade de postergar compras em momentos de alta do dólar, proporciona uma proteção adicional. Setores como celulose e turismo interno também se beneficiam, atraindo turistas estrangeiros, enquanto os brasileiros tendem a adiar viagens para o exterior devido ao câmbio elevado.
Por outro lado, setores como eletrônicos, farmacêutico e automobilístico sentem o impacto negativo da valorização do dólar. O aumento no preço de insumos importados leva ao repasse desses custos para os consumidores, encarecendo produtos como smartphones, medicamentos e veículos, especialmente os elétricos. Além disso, o aumento nos custos gerais afeta a inflação, prejudicando o poder de compra da população. Apesar da intervenção do Banco Central para tentar conter a alta da moeda, a perspectiva para 2025 continua incerta, com o dólar mantendo-se em níveis elevados, o que exigirá ajustes contínuos na economia.