O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual e sinalizou aumentos semelhantes nas próximas reuniões. A medida reflete não apenas a necessidade de controlar a inflação, mas também uma estratégia política para blindar a transição de liderança no Banco Central. Com Roberto Campos Neto presidindo sua última reunião, a decisão dilui a responsabilidade política do ajuste entre os atuais membros do Copom, favorecendo o início da gestão de Gabriel Galípolo, que assumirá o comando em janeiro.
O Copom expressou preocupação com a deterioração do cenário fiscal, destacando que a demora na aprovação de um pacote robusto de medidas econômicas contribuiu para expectativas de inflação mais altas e maior prêmio de risco. A avaliação indica que o pacote fiscal, considerado insuficiente, somado às tensões políticas no Congresso, reforçou a necessidade de uma postura monetária mais rigorosa. O Banco Central alertou que essas condições aumentam os desafios para estabilizar a inflação e manter a credibilidade econômica.
A decisão também foi motivada por receios de que a nova liderança do Banco Central enfrentasse desgaste político imediato caso precisasse adotar medidas impopulares. Ao elevar a Selic agora, o Copom busca reduzir a pressão inicial sobre a gestão de Galípolo, permitindo que ele inicie seu mandato com maior margem de manobra diante de um cenário econômico e político complexo.