A prisão de Saydnaya, na Síria, tornou-se um símbolo das atrocidades cometidas durante o regime de Bashar al-Assad. Segundo Farouq Habib, vice-gerente geral da organização voluntária Capacetes Brancos, muitas das pessoas detidas nesse local perderam a memória e, em alguns casos, até esqueceram seus próprios nomes. Entre os relatos, destaca-se o caso de uma mulher que, detida aos 19 anos, teve três filhos durante o encarceramento, após ser repetidamente estuprada. As crianças cresceram dentro das paredes da prisão, sem nunca ter visto o mundo exterior.
O cenário de violência e abuso em Saydnaya é descrito como um dos mais brutais da Síria, com muitos prisioneiros sofrendo danos psicológicos irreparáveis. Habib mencionou que, ao longo dos anos, muitos detentos perderam completamente a noção de sua identidade e da origem, um reflexo do extremo sofrimento vivido naquele ambiente. Além disso, a maioria dos prisioneiros teria sido executada ou transferida para outros centros de detenção, com poucos sobreviventes ao colapso do regime.
A busca por desaparecidos continua sendo uma prioridade para os Capacetes Brancos, que agora estão investigando outras prisões secretas no país. Embora rumores sobre a existência de celas subterrâneas não tenham sido confirmados, o grupo segue recebendo informações e recompensando aqueles que ajudarem a descobrir mais sobre as vítimas do regime. Estima-se que pelo menos 200 mil sírios estejam desaparecidos, com a maioria das detições ocorrendo sob ordens do regime de Assad ou seus aliados, desde o início da guerra civil em 2011.