O adiamento da implementação da lei antidesmatamento da União Europeia (UE) não resolve os desafios enfrentados pelo Brasil, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A legislação, que deveria começar a valer em janeiro de 2025, foi adiada por um ano, mas ainda assim limita a entrada de produtos brasileiros como soja e carnes no mercado europeu, caso esses produtos provenham de áreas desmatadas desde 2020. A medida, que não distingue entre desmatamento legal ou ilegal, afeta até produtores que cumprem as leis ambientais nacionais do Brasil.
A diretora de relações internacionais da CNA, Sueme Mori, destacou que a postergação não resolve a questão do desrespeito às legislações nacionais nem favorece o diálogo com os parceiros comerciais. Ela apontou que a medida é punitiva e carece de apoio à recuperação das áreas florestais e aos produtores que não conseguem se adaptar às exigências, o que aumenta os custos de exportação. O Brasil, que já segue o Código Florestal, poderá ser penalizado mesmo cumprindo as normas ambientais do país.
A CNA defende a inclusão da cláusula Carrefour no acordo UE-Mercosul, que visa equilibrar o impacto de restrições nas exportações brasileiras com a abertura do mercado europeu para outros produtos. Essa cláusula poderia garantir reciprocidade em caso de medidas restritivas, protegendo as exportações do Mercosul. O acordo, fechado recentemente após 25 anos de negociações, ainda precisa ser ratificado pelos dois blocos, o que poderá definir o futuro das relações comerciais entre o Brasil e a UE.