A Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, realizada em dezembro, trouxe expectativas de avanço no Acordo de Associação entre o Mercosul e a União Europeia, um tratado que visa facilitar o comércio, impulsionar investimentos e estreitar as relações políticas e econômicas entre as duas regiões. Após 25 anos de negociações, o acordo promete benefícios mútuos, com destaque para a eliminação gradual de tarifas e o aumento do acesso ao mercado europeu, especialmente para produtos agrícolas e alimentos do Brasil. No entanto, ainda há controvérsias internas, tanto na Europa quanto no Mercosul, que podem impactar sua implementação.
Do lado europeu, países como a França se opõem ao acordo, especialmente devido à competição que ele representa para sua agricultura, enquanto a Polônia também expressou preocupações. A resistência de alguns membros da UE, que precisa de uma maioria qualificada para aprovar o tratado, pode atrasar a ratificação final. No Mercosul, a potencial concorrência de produtos manufaturados europeus também é um ponto de atenção, particularmente para a indústria brasileira, que poderá enfrentar desafios de competitividade diante dos produtos europeus mais baratos e tecnologicamente avançados.
Apesar das divergências, os benefícios do acordo são esperados para o Brasil, incluindo um aumento significativo nas exportações e investimentos, além de ganhos na balança comercial. Entretanto, os efeitos negativos, como o impacto na indústria nacional e a pressão sobre setores específicos, ainda precisam ser avaliados com mais profundidade. A ratificação do acordo dependerá de um longo processo de validação jurídica e aprovação pelos parlamentos dos países envolvidos, com sua implementação prevista para os próximos anos, com a redução gradual das tarifas ao longo de até 15 anos.