O setor agrícola da América do Sul, responsável por uma grande parcela da produção global de alimentos, reagiu positivamente ao anúncio do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, firmado em Montevidéu. Embora a assinatura do acordo, após 25 anos de negociações, tenha sido comemorada, há um interesse claro em examinar as condições específicas do pacto. A principal preocupação dos líderes agrícolas da região é entender os detalhes das cláusulas, especialmente aquelas relacionadas às exigências ambientais e sociais da UE, que podem impactar práticas comuns no continente, como o uso de sementes geneticamente modificadas e o desmatamento.
Agricultores e exportadores sul-americanos, como o presidente da Confederação Rural Argentina, Carlos Castagnani, expressaram entusiasmo com o acesso ampliado ao mercado europeu, mas ressaltaram que o sucesso do acordo depende de uma análise minuciosa de suas condições. A redução gradual de tarifas, que pode levar até dez anos para beneficiar setores como o de óleo e biodiesel, também gera expectativas moderadas, uma vez que a Argentina, maior exportadora mundial de farelo de soja e biodiesel, enfrenta barreiras protecionistas no continente europeu.
Apesar de ser um passo positivo para o Mercosul, o acordo ainda precisa ser legalmente ratificado pelos parlamentares dos países envolvidos, e pode ser bloqueado por opositores, como a França. Para os produtores da América do Sul, o tratado surge em um contexto de crescente isolamento econômico global, e a análise detalhada do texto final será essencial para garantir que suas práticas agrícolas sejam respeitadas. A assinatura, embora um avanço, está longe de ser definitiva, e os desafios legais e políticos ainda são significativos.