As negociações do acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE), iniciadas em 1999, estão próximas de uma conclusão histórica após mais de 25 anos de discussões. O tratado, que envolve 31 países, incluindo os quatro membros do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e 27 países da UE, pode ser anunciado entre os dias 5 e 6 de dezembro de 2024, durante a Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, em Montevidéu. A presença de Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, no Uruguai e a comitiva do novo comissário de Comércio da UE, Maros Sefcovic, reforçam a expectativa de avanço.
Ao longo dos anos, o processo foi marcado por desafios, como o descompasso entre os interesses dos países envolvidos, especialmente em relação ao agronegócio. Um exemplo disso foi a resistência de setores franceses, que apresentaram objeções ao ingresso de produtos brasileiros no mercado europeu, além de controvérsias envolvendo grandes empresas. A finalização do acordo, no entanto, se aproxima com um contexto internacional mais complexo, desde a ascensão do protecionismo comercial nos EUA, o que alterou a dinâmica de acordos comerciais ao redor do mundo.
A assinatura do acordo tem o potencial de impulsionar a integração econômica, especialmente no que tange à exportação de commodities da América Latina para a Europa, embora ainda reste o desafio de conciliar as diferentes prioridades nacionais. Para os membros do Mercosul, a negociação em bloco oferece uma vantagem estratégica, permitindo condições mais vantajosas do que negociações individuais. O acordo representa uma grande oportunidade de crescimento econômico para as economias da América Latina e da Europa, mas também exige uma gestão cuidadosa dos interesses variados das partes envolvidas.