Após 25 anos de negociações, o Mercosul e a União Europeia finalmente chegaram a um acordo comercial, marcado por uma convergência de fatores geopolíticos e econômicos. A mudança no cenário internacional, especialmente a expectativa de uma nova administração dos Estados Unidos sob Donald Trump, foi crucial para acelerar esse entendimento. O retorno de Trump ao poder, com uma agenda protecionista e isolacionista, criou um ambiente de urgência, levando Brasil e Europa a fortalecerem suas relações comerciais como forma de se protegerem contra possíveis tarifas e medidas unilaterais, especialmente direcionadas à China.
A aliança entre Mercosul e União Europeia também reflete mudanças políticas internas significativas. No Brasil, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, com foco na questão ambiental, ajudou a criar um clima favorável para a conclusão do acordo, especialmente após o governo de Jair Bolsonaro, que priorizou outras agendas. Na Argentina, a eleição de Javier Milei representou a superação da oposição ao acordo que vinha dos governos peronistas anteriores, facilitando o avanço das negociações.
Além das motivações comerciais, o acordo é estratégico para a União Europeia, que busca alternativas à dependência energética da Rússia e reforçar sua posição no mercado global, onde a China tem ganhado influência. Para o Brasil e os países do Mercosul, o acordo oferece um grande potencial de crescimento nas exportações, com destaque para produtos como carne bovina. Esse avanço, no entanto, ainda dependerá de ajustes nas questões de compras governamentais e salvaguardas ambientais, temas que foram pontos de tensão nas negociações anteriores.