Após 25 anos de negociações, um acordo entre o Mercosul e a União Europeia foi anunciado, mas ainda precisa passar por um longo processo de validação antes de entrar em vigor. O tratado, que visa reduzir tarifas comerciais e criar uma parceria mais profunda entre os dois blocos, precisa ser aprovado pelos parlamentos dos países membros de cada bloco, o que pode levar anos. Embora o acordo tenha sido concluído, ele ainda passa por uma revisão jurídica e tradução antes da assinatura formal. O governo brasileiro e representantes da União Europeia destacam os benefícios comerciais e econômicos, mas a implementação prática do acordo está longe de ser garantida.
Um dos principais obstáculos à aprovação do acordo vem da França, onde agricultores manifestaram preocupações sobre a concorrência desleal que o acordo poderia gerar, especialmente no setor agrícola. A França, um dos maiores produtores de alimentos da União Europeia, teme que os produtos agrícolas da América do Sul, com custos menores de produção, prejudiquem os produtores locais, que já enfrentam desafios. Outros países da União Europeia, como Polônia, Áustria e Itália, também expressaram dúvidas, o que coloca a França como um ator chave na tentativa de barrar o acordo.
Além da França, o processo de ratificação enfrenta um complexo cenário político dentro da União Europeia, onde é necessário o consenso de uma maioria qualificada no Conselho da União Europeia e aprovação no Parlamento Europeu. Para que o acordo seja aprovado, pelo menos 55% dos países da UE devem concordar, representando 65% da população do bloco. A pressão de países com grandes populações, como a França, pode dificultar essa aprovação. O governo brasileiro espera que o acordo traga benefícios substanciais, mas ainda há incertezas quanto à sua implementação e ao impacto de futuras negociações.