O acordo comercial entre Mercosul e União Europeia foi anunciado como um marco histórico após 25 anos de negociações, mas enfrenta um longo caminho para sua implementação. O texto precisa passar por revisões legais, tradução para diversos idiomas e ratificação nos parlamentos dos países-membros de ambos os blocos. Enquanto o Mercosul depende da aprovação interna de cada nação, na União Europeia o processo requer a validação pelo Conselho da União Europeia e pelo Parlamento Europeu, com critérios rigorosos de maioria qualificada.
A França lidera a oposição ao tratado, com argumentos de que os produtos agrícolas sul-americanos, supostamente sujeitos a exigências menos rigorosas, podem prejudicar a competitividade dos agricultores europeus. Outros países, como Polônia, Áustria, Holanda e Itália, também demonstram divisões internas. O presidente francês e a ministra do comércio exterior se posicionaram contra o acordo em sua forma atual, levantando dúvidas sobre sua aprovação, já que a resistência de países representando 35% da população europeia pode barrar o tratado.
Além das questões agrícolas, o acordo visa harmonizar normas sanitárias, fomentar a cooperação política e ambiental, e reduzir tarifas comerciais, abrangendo mais de 700 milhões de pessoas. Apesar do otimismo de líderes como Ursula von der Leyen, que enxerga benefícios mútuos, o pacto ainda enfrenta desafios políticos e econômicos significativos antes de entrar em vigor.