O acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, que estava em negociação há 25 anos, avançou recentemente com a conclusão política das discussões, anunciada pela Comissão Europeia. No entanto, a assinatura do tratado depende de uma série de etapas, como revisão legal e tradução para as línguas oficiais dos países envolvidos. A implementação efetiva do acordo ainda pode demorar, e sua aprovação depende de processos internos nos dois blocos econômicos, com o risco de enfrentarem rejeição por parte de países da União Europeia, principalmente devido a preocupações com a competitividade do setor agrícola europeu.
A França, em particular, tem se mostrado uma grande oponente do acordo, com a ministra do Comércio Exterior, Sophie Primas, afirmando que o país continuará resistindo à conclusão do tratado ao lado de outros Estados-membros da UE que compartilham sua visão. A principal preocupação da França diz respeito à entrada de produtos agrícolas do Mercosul na Europa, que poderiam prejudicar a produção local devido a condições de competitividade desiguais, além de não cumprirem os mesmos padrões ambientais e sanitários exigidos na União Europeia. Agricultores franceses já realizaram manifestações contra o acordo, o que reflete uma resistência significativa dentro do bloco.
Embora o acordo traga benefícios em termos de cooperação política, comércio livre e normas comuns, também gera divisões no Mercosul, com receios sobre a competitividade nos setores industrial e automobilístico frente ao mercado europeu. Apesar dos desafios, líderes europeus consideram o acordo uma vitória, destacando suas potencialidades para consumidores e empresas dos dois blocos. No entanto, o caminho até sua implementação plena ainda está repleto de obstáculos, como a necessidade de um consenso qualificado dentro do Conselho da União Europeia, o que poderá ser determinante para o futuro do tratado.