O acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, anunciado em Montevidéu, no Uruguai, marca o fim de um longo processo de 25 anos de negociações. O acordo será dividido em duas frentes principais: política e econômica. A parte econômica será analisada pelo Conselho Europeu, que representa os líderes dos 27 países da União Europeia e precisa de 55% dos votos para aprovação. Após essa etapa, a proposta será encaminhada para ratificação pelo Parlamento Europeu. Já a parte política do acordo precisará passar pelas deliberações dos parlamentos de todos os países da União Europeia.
Apesar do progresso, o caminho até a assinatura definitiva do acordo ainda apresenta desafios. Do lado do Mercosul, há preocupações sobre o impacto na indústria local, enquanto, na Europa, a principal apreensão envolve as implicações para a agricultura. Além disso, o acordo ocorre em um contexto político delicado na Europa, com um clima de crescente isolacionismo, e existe o temor de que a França possa unir outros países para bloquear o acordo. Em ambos os blocos, as negociações encontram um cenário de instabilidade política e econômica, que inclui as eleições na Alemanha em 2025 e o prolongamento da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Mesmo com o fim das negociações formais, a assinatura do acordo dependerá de um processo legislativo que pode levar ainda alguns anos. A criação de um mercado de 700 milhões de pessoas e um PIB combinado de 20 trilhões de dólares é vista como uma oportunidade significativa, mas a implementação do acordo pode ser impactada por questões políticas internas e externas aos países envolvidos.