A desvalorização do real e a instabilidade fiscal no Brasil têm levado um número crescente de investidores a transferir seus recursos para os Estados Unidos. Esse movimento, intensificado pela vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais de 2024, tem sido especialmente notável em corretoras como a Avenue, que experimentou um aumento de pelo menos 20% no volume de investimentos no mês de dezembro em comparação com novembro. O ambiente de risco crescente no Brasil, impulsionado pelas preocupações fiscais, tem feito com que muitos investidores busquem segurança em ativos no exterior, particularmente em títulos do Tesouro americano e dívida corporativa.
A migração de capitais para os EUA reflete uma mudança no perfil do investidor brasileiro, que, diante da instabilidade fiscal e dos elevados juros internos, opta por alocar seus recursos em ativos considerados mais seguros. De acordo com a Avenue, mais de 80% dos investimentos estão sendo direcionados para títulos de renda fixa de curto prazo, como os Treasuries. O crescimento das transferências de recursos é visto como um movimento estrutural, que provavelmente se manterá mesmo que o câmbio brasileiro se estabilize.
Além disso, a situação fiscal do Brasil continua a ser o principal motor dessa migração, com o mercado reagindo à percepção de que as medidas fiscais do governo não são suficientes para controlar o crescimento da dívida pública. O movimento de saída de investimentos pode ter um impacto duradouro, visto que muitas instituições financeiras têm incentivado a diversificação de portfólios no exterior. A Avenue, que se beneficia de parcerias como a com o Itaú Unibanco, projeta um crescimento significativo na custódia de ativos em 2025, com a possibilidade de triplicar seu volume, caso o ritmo atual se mantenha.