O texto explora as semelhanças históricas e socioeconômicas entre a Coreia do Sul e o Brasil, destacando como ambos os países enfrentaram dificuldades e instabilidade após períodos críticos, como guerras ou ditaduras militares. A Coreia do Sul, após a devastadora Guerra da Coreia (1950-1953), estava em ruínas, com uma população jovem e trabalhadora dizimada. A reconstrução, liderada por aliados internacionais e com fortes investimentos em infraestrutura, foi marcada por uma ditadura militar desenvolvimentista na década de 1960, sob Park Chung-hee. O Brasil, por sua vez, embora não tenha enfrentado uma guerra civil, passou por uma fase de crescimento econômico impulsionado por uma ditadura militar na mesma época, com foco em grandes obras, mas sem uma industrialização sólida. Ambos os países experimentaram períodos de repressão e abuso contra civis.
Nos anos 1980, tanto a Coreia do Sul quanto o Brasil passaram por transições políticas para a democracia, com a realização de eleições diretas para a presidência, marcando o fim de regimes autoritários. No entanto, mesmo em democracias recentes, ambos os países enfrentaram problemas de corrupção sistêmica e desconfiança popular nas instituições políticas. A Coreia do Sul, com seu modelo educacional focado na formação cívica, tem mostrado avanços na solidez de sua democracia, com cidadãos e parlamentares cada vez mais comprometidos com o respeito à Constituição. Em contraste, o Brasil ainda enfrenta desafios significativos nesse sentido, com um sistema político muitas vezes paralisado por disputas partidárias.
A lição mais relevante que o Brasil pode aprender com a Coreia do Sul é a importância de investir na educação básica e na formação de uma cultura democrática. O país asiático, desde o pós-guerra, fez da educação uma prioridade para sua reconstrução e crescimento. Esse foco educacional, aliada a uma compreensão mais madura da democracia, parece ser um dos pilares do sucesso da Coreia do Sul, que, embora tenha enfrentado enormes dificuldades históricas, hoje é uma potência econômica e política, com uma população mais engajada nas questões cívicas. No Brasil, a construção de uma democracia sólida ainda exige mais do que ações pontuais; depende do investimento contínuo em educação e valores cívicos.