Com o avanço da idade, mudanças naturais ocorrem no funcionamento da boca, língua e garganta, afetando a deglutição. Aproximadamente 40% dos idosos saudáveis apresentam presbifagia, um quadro caracterizado por modificações na função de engolir devido ao envelhecimento. Embora geralmente seja tratada com simples intervenções como hidratação adequada e exercícios para fortalecimento muscular, a presbifagia pode ser subestimada e, por isso, não recebe a atenção necessária. Sinais como o aumento de engasgos e pigarro constante são indícios de que a deglutição do idoso está comprometida e devem ser monitorados, mesmo quando o próprio idoso não percebe.
Quando o problema de deglutição se agrava, passa-se a falar em disfagia, uma condição que traz sérios riscos à saúde, como desnutrição e pneumonia. A disfagia é comum em pacientes que sofreram acidente vascular cerebral (AVC), possuem Doença de Parkinson ou demências, já que essas condições afetam diretamente a coordenação neurológica necessária para a deglutição. Embora seja possível tratar esses casos com ajustes na dieta, exercícios específicos e até com o auxílio de tecnologias como eletroestimulação e laserterapia, estima-se que menos de 10% dos idosos diagnosticados com disfagia recebam acompanhamento adequado.
Um dos maiores perigos da disfagia é a aspiração de alimentos e saliva para os pulmões, o que pode levar a pneumonia aspirativa. A aspiração repetitiva não provoca imediatamente engasgos, mas aumenta a suscetibilidade à infecção, especialmente porque a boca dos idosos é propensa a acumular bactérias, e a higiene oral nem sempre é eficaz. Por isso, é essencial que os idosos recebam atenção para problemas de deglutição, com acompanhamento fonoaudiológico para prevenir complicações graves e melhorar a qualidade de vida.