O texto expõe uma crítica às práticas de políticas públicas que tratam a vida humana de forma instrumental e desumanizada. A partir de cenas cotidianas em São Paulo, como um policial militar jogando uma pessoa de um viaduto e a remoção de moradores em situação de rua, o autor destaca como a dignidade e a integridade física dos cidadãos são frequentemente ignoradas em nome da eficiência e da estética urbana. A sociedade, representada por suas instituições e autoridades, transforma cidadãos em números ou obstáculos a serem eliminados para manter a “ordem” e a funcionalidade do sistema, sem considerar o valor intrínseco da vida humana.
Em outro exemplo, o texto critica a culpabilização de uma mulher atropelada por um coletivo, que é responsabilizada por sua própria morte devido a sua idade, enquanto a responsabilidade pela segurança viária e a criação de políticas públicas adequadas fica negligenciada. A responsabilização da vítima e a distorção do foco das políticas de trânsito revelam um padrão onde a vida humana é reduzida a uma questão de custo-benefício, desconsiderando a segurança e o respeito aos direitos fundamentais dos cidadãos.
O autor questiona o valor real atribuído à vida em contextos urbanos, onde o sistema institucional se desvia de princípios humanistas e adota uma lógica econômica que desumaniza os indivíduos. A crítica se estende ao processo eleitoral, onde políticos são escolhidos por sua imagem e marketing, em vez de serem avaliados pela ética e compromisso com o bem-estar coletivo. O texto conclui que, enquanto a sociedade continuar a aceitar que algumas vidas valem menos que outras, a construção de uma cidade mais justa e inclusiva será impossível.