Em Brasília, Luzia Cavalcante, uma aposentada de 67 anos, vive sob uma lona na rua, onde enfrenta não apenas a pobreza, mas a dor da saudade de seus entes queridos. Ela perdeu o marido há 28 anos e o filho há cinco, o que a levou a uma situação de vulnerabilidade extrema. Para sobreviver, Luzia cuida dos outros filhos e depende de um benefício social, além de realizar pequenas atividades como varrer a rua para passar o tempo.
O fenômeno da perda familiar como um fator de vulnerabilidade social é um tema recorrente entre pessoas em situação de rua na capital. De acordo com um levantamento recente, muitos enfrentam condições similares, tendo perdido laços afetivos e, consequentemente, a estabilidade em suas vidas. Luzia e outras pessoas, como Maria dos Santos e Sebastião de Lima, relatam a tristeza de não poder visitar os túmulos de seus familiares, refletindo a fragilidade emocional e a invisibilidade que sentem diante da sociedade.
Estudos apontam que a falta de políticas públicas eficazes contribui para a marginalização desses indivíduos, que, apesar de viverem em áreas urbanas visíveis, muitas vezes não são reconhecidos em suas necessidades. A saudade se torna um fardo diário, dificultando ainda mais a superação de suas perdas e a reconstrução de suas vidas, enquanto buscam apoio em um sistema que parece ignorá-los.