No Upper East Side de Manhattan, Shah Alam, um vendedor de frutas, realiza a venda diária de dezenas de bananas por preços baixos. Contudo, em um evento inusitado, uma de suas bananas foi transformada em uma obra de arte absurda, intitulada “Comediante”, do artista Maurizio Cattelan. A peça, exibida em uma casa de leilões, foi comprada por um magnata de criptomoedas por US$ 5,2 milhões, além de mais de US$ 1 milhão em taxas. Alam, que não sabia do destino de sua fruta, foi informado por um repórter sobre a venda da banana e ficou em choque ao saber o valor alcançado.
A obra “Comediante” foi exibida pela primeira vez na Art Basel em 2019, e a ideia central da peça era criticar a absurdidade do mundo da arte contemporânea. Composta por três edições, cada uma dessas bananas fixadas com fita adesiva gerou discussões sobre o valor da arte e suas implicações. Após sua exposição, a peça continuou a refletir sobre a valorização da arte, com preços que subiram vertiginosamente até atingir valores inesperados. O próprio Cattelan, ao saber do preço da venda, comentou que o valor da obra reforçava a mensagem que ele queria transmitir.
Apesar de todo o sucesso da venda, Alam, que trabalha longas jornadas como vendedor em uma barraca de frutas, não se beneficiou diretamente da transação milionária. Sem reconhecer a importância de sua banana, Alam ainda segue seu dia a dia no Bronx, enfrentando dificuldades financeiras. Para ele, a venda da banana e os lucros envolvidos só reforçam a disparidade entre os mundos do comércio simples e da arte. Cattelan, por sua vez, expressou empatia pela reação de Alam, mas destacou que a arte, por natureza, não resolve problemas sociais, embora ela possa gerar discussões profundas e inesperadas.