A recente questão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024, que aborda uma crônica da escritora Tati Bernardi, suscitou discussões sobre a interpretação do uso da palavra “coisa”. A crônica faz referências a músicas do cantor Caetano Veloso e utiliza o termo “coisa” de maneira reiterada, totalizando 11 ocorrências, incluindo suas variações. Essa repetição é vista como uma ferramenta poética que contribui para a coesão do texto, levando a um debate sobre qual alternativa de resposta seria a mais apropriada.
De acordo com o professor Eduardo Calbucci, a repetição da palavra “coisa” pode justificar duas alternativas apresentadas na prova: a alternativa A, que enfatiza a intertextualidade com as músicas de Veloso, e a alternativa C, que foca na função estrutural da reiteração. Apesar de a expectativa ser que a alternativa A seja escolhida como correta, o professor sugere que a opção C também tem fundamento suficiente para ser considerada aceitável, uma vez que ambos os aspectos são relevantes para a interpretação da crônica.
Esse impasse pode levar o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) a avaliar a possibilidade de anular a questão ou adotar um gabarito duplo, já que o uso da palavra “coisa” em um contexto intertextual e sua função poética podem ser igualmente relevantes. A situação exemplifica a complexidade da interpretação textual no Enem e a necessidade de um olhar crítico sobre as questões formuladas.