O Uruguai escolheu Yamandú Orsi como seu novo presidente no segundo turno das eleições, marcando o retorno da Frente Ampla ao poder após quatro anos de governo da centro-direita. Orsi, ex-ministro e aliado do ex-presidente José Mujica, superou o candidato do governo, Álvaro Delgado, por uma diferença de pouco mais de 95 mil votos. O resultado não gerou surpresa, já que pesquisas indicavam a vitória do candidato da esquerda. A derrota foi prontamente reconhecida por Delgado, que demonstrou respeito pela decisão do eleitorado, e Orsi, por sua vez, reforçou seu compromisso com a união e o diálogo nacional.
A eleição no Uruguai reflete uma tendência de mudança dentro do sistema político, sem recorrer a outsiders, em contraste com outros países da América Latina. O cientista político Daniel Buquet destacou a excepcionalidade da alternância política uruguaia, comparando-a com sistemas políticos consolidados da Europa, como o da Alemanha. Em termos de políticas, espera-se que o novo governo de Orsi foque em questões sociais, como o aumento de investimentos em educação e ajustes na seguridade social, sem mudanças abruptas na economia, que deve continuar com uma abordagem ortodoxa.
No cenário regional, a eleição de Orsi pode sinalizar uma mudança nas relações exteriores do Uruguai, com uma aproximação maior ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil, em contraste com a gestão anterior, que teve uma postura mais alinhada com a direita. Líderes latino-americanos, incluindo o presidente argentino, parabenizaram o Uruguai pela sua jornada democrática, destacando a importância do processo eleitoral e a estabilidade política do país, que continua a ser um exemplo de democracia sólida na América Latina.