Com a vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos, especialistas avaliam as possíveis mudanças nas relações entre Brasil e EUA. Proteção à democracia, meio ambiente e relações com a China são alguns dos temas que devem impactar o diálogo entre as duas nações, que recentemente completaram 200 anos de relações diplomáticas. Tanguy Baghdadi, professor de relações internacionais, e Hussein Kalout, cientista político, observam que o estilo de política externa de Trump favorece aproximações com líderes que aceitem sua liderança, o que poderia facilitar o diálogo com o governo brasileiro, apesar de haver previsões de uma relação protocolar e inicialmente fria entre Trump e Lula.
Outro ponto levantado pelos especialistas é o potencial apoio de Trump a uma eventual candidatura de direita no Brasil, dado seu histórico de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que compartilha bases eleitorais e discursos semelhantes ao de Trump. Em um cenário de questionamento à ordem democrática, eles avaliam que Trump adotaria uma postura mais incisiva, distinta da abordagem mais prudente que caracteriza o governo Biden. Essa proximidade entre os ex-líderes também se reflete em investigações sobre tentativas de interferência na democracia em ambos os países.
A possível volta de Trump à Casa Branca poderia trazer mudanças drásticas em temas como meio ambiente, com previsões de menor alinhamento em políticas ambientais, e no posicionamento em relação à China e à Venezuela, onde Trump adota uma postura mais dura que o governo atual dos EUA. Especialistas acreditam que essas diferenças reforçam as já distintas orientações diplomáticas entre Brasil e EUA, que mantêm uma relação de cooperação, mas não de aliança, sem prioridades mútuas de apoio militar.