O Ministério Público da Guatemala solicitou uma pena de 2.860 anos de prisão para um general reformado, acusado de envolvimento em massacres de indígenas durante a guerra civil guatemalteca (1960-1996). O julgamento, iniciado em abril, é o segundo processo por genocídio relacionado a esse conflito, após a histórica condenação de um ex-ditador em 2013. A promotoria argumenta que o acusado teve a intenção de destruir a etnia maia ixil, considerada inimiga interna pelas Forças Armadas na época. No entanto, a legislação guatemalteca permite que uma pessoa cumpra, no máximo, 50 anos de prisão.
Durante os sete meses de julgamento, foram apresentados documentos militares, relatórios forenses e depoimentos de sobreviventes que relatam crueldade extrema, incluindo casos envolvendo crianças, idosos e mulheres grávidas. De acordo com a promotoria, algumas vítimas foram queimadas ainda vivas, ressaltando a brutalidade dos atos cometidos. Em outra acusação anterior, o réu já cumpre pena de 58 anos por desaparecimento forçado e violência contra familiares de pessoas suspeitas de ligação com a guerrilha.
O conflito civil guatemalteco deixou cerca de 200 mil mortos e desaparecidos, com a maioria das vítimas sendo indígenas acusados de colaborar com a guerrilha. Em 2013, uma condenação histórica havia sido imposta contra um ex-líder de facto por genocídio, mas foi posteriormente anulada. A sentença do atual processo é aguardada para a próxima semana, e seu desfecho será acompanhado atentamente, marcando um novo capítulo nos esforços para responsabilização e justiça em crimes de guerra na Guatemala.