A recente tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul evidenciou as dificuldades enfrentadas pela população LGBTI+, especialmente as pessoas trans, em situações de emergência. Durante o desastre, além de perderem suas casas, muitas dessas pessoas foram confrontadas com discriminação em abrigos e dificuldades no acesso a serviços básicos, como kits de higiene e cestas básicas. Em alguns casos, houve relatos de transfobia institucional, como a proibição de pessoas trans entrarem em quartéis para retirar itens de ajuda humanitária. Este contexto gerou o termo “transfobia ambiental”, um conceito que reflete o impacto mais severo das catástrofes ambientais sobre as populações trans, que já enfrentam dificuldades para acessar direitos e serviços em situações cotidianas.
No debate realizado no G20 Social, em Rio de Janeiro, foi destacado que, em momentos de crise, as pessoas trans, especialmente as travestis, enfrentam exclusão em abrigos e outros espaços de acolhimento, agravando a violência e o sofrimento emocional. A vice-presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), Keila Simpson, relatou que as travestis têm mais dificuldades em acessar ajuda emergencial, sendo muitas vezes rejeitadas por outros moradores de abrigos, o que aumenta a vulnerabilidade da população. A transfobia ambiental não só compromete o acesso a serviços essenciais, mas também agrava os impactos à saúde física e mental dessa população.
No entanto, algumas ações positivas foram destacadas durante o evento. Em Canoas, no Rio Grande do Sul, a prefeitura se mobilizou para garantir que a população LGBTI+ fosse atendida com dignidade, graças à rede de apoio formada por um fórum local. A cidade priorizou a segurança e o acesso aos direitos dessa população durante a crise, sem registros de LGBTfobia nos abrigos. A importância de ações preventivas e a capacitação dos órgãos públicos para atender as necessidades específicas da população LGBTI+ em desastres naturais foram apontadas como fundamentais. A discussão no G20 Social visa sensibilizar líderes globais para a urgência de políticas públicas inclusivas e a proteção dos direitos humanos em situações de catástrofes ambientais.