O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, ocorrido em 5 de novembro de 2015, ainda marca o Brasil como um dos maiores desastres ambientais do país, com destruição de comunidades inteiras e a morte de 19 pessoas. A liberação de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração afetou profundamente o Rio Doce e seus afluentes, chegando até o Oceano Atlântico e atingindo 49 municípios. Mesmo após nove anos, as consequências ainda são sentidas: diversas famílias aguardam reassentamento, a pesca permanece proibida em vários pontos da bacia, e a contaminação por metais pesados continua a impactar a fauna e a flora na costa marinha do Espírito Santo e Bahia.
Apesar dos esforços de reparação, muitas ações são consideradas insuficientes. As famílias deslocadas ainda enfrentam desafios de reassentamento, com avanços lentos na entrega de imóveis em áreas reconstruídas como Novo Bento Rodrigues e Paracatu. Enquanto isso, a situação ambiental permanece crítica, com rejeitos depositados em reservatórios e contínua preocupação com novos episódios de contaminação durante períodos de chuva intensa. No âmbito jurídico, a responsabilização criminal tem sido um processo complexo, sem condenações definitivas até o momento, com parte das acusações prescritas ou descartadas, e um novo acordo de R$ 170 bilhões em reparações e compensações foi firmado recentemente.
A situação judicial se estende internacionalmente, com ações em andamento no Reino Unido e na Holanda contra as empresas responsáveis. Em 2022, uma decisão da Justiça inglesa deu prosseguimento a um processo que pode resultar em bilhões de libras em indenizações. No Brasil, o setor de mineração em Minas Gerais passou por reformulações, com novas leis para garantir maior segurança e evitar tragédias semelhantes no futuro. Contudo, o caminho para a reparação completa e a normalização da vida das pessoas e do meio ambiente afetado ainda é longo e desafiador.