Entre os dias 26 e 29 de novembro, Belém sedia o II Encontro de Abridores de Letras, evento que celebra os 100 anos dessa arte popular amazônica. Realizado pelo Instituto Letras Que Flutuam (ILQF), o encontro promove debates sobre os direitos autorais dos artistas ribeirinhos, oficinas de inclusão digital e de produção artesanal, além de estratégias para fortalecer a economia criativa na região. A programação também destaca o impacto cultural da caligrafia colorida que enfeita embarcações amazônicas, valorizando a tradição local e sua importância para a identidade regional.
A abertura ocorre no Palacete Pinho, com debates sobre a relação entre a cultura ribeirinha e a sustentabilidade, temas centrais em discussões sobre a preservação da Amazônia. Oficinas práticas abordam o uso das redes sociais para comercialização de produtos e incentivam a troca de saberes entre os abridores de letras e artesãos de brinquedos de miriti. Um dos destaques é o debate sobre como proteger os direitos autorais dos artistas populares, buscando garantir remuneração justa e visibilidade para o ofício.
A tradição dos abridores de letras, iniciada em 1925, é parte essencial da cultura visual amazônica, refletindo os saberes locais através das caligrafias coloridas que decoram barcos na região. O ILQF, criado em 2024, trabalha na documentação e valorização dessa prática centenária. Reunindo 27 artistas de diversas localidades do Pará, o evento busca preservar e fortalecer essa arte, conectando seus praticantes a novas oportunidades e reforçando seu papel na economia criativa e na preservação da identidade amazônica.