As taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) dispararam pelo segundo dia consecutivo após a divulgação do pacote fiscal do governo, que foi mal recebido pelo mercado. O pacote, que inclui medidas como o reajuste do salário mínimo e a expansão da isenção do Imposto de Renda, não atendeu às expectativas dos investidores, que aguardavam propostas mais contundentes de redução de gastos e controle fiscal. Como resultado, as taxas de juros nos contratos de DI para 2025 e 2027 subiram significativamente, refletindo uma crescente aversão ao risco.
Além disso, a curva de juros passou a precificar uma chance maior de que o Banco Central aumente a Selic em 100 pontos-base em dezembro, o que representa uma mudança em relação às apostas anteriores, que indicavam um aumento de 75 pontos-base. A reação do mercado foi acelerada pela desvalorização do real, que atingiu seu maior valor histórico frente ao dólar, refletindo a insegurança dos investidores sobre a condução da política fiscal e suas implicações para a economia.
Apesar das críticas ao pacote, alguns analistas sugerem que o mercado pode ter reagido de forma exagerada, considerando que o aumento do dólar pressiona a inflação e piora a percepção sobre a política monetária. No entanto, a falta de interesse de investidores estrangeiros em participar de leilões de títulos do Tesouro Nacional, especialmente em um leilão sem vendas, é um sinal claro de que os investidores estão descontentes com os atuais níveis de risco no Brasil, o que pode levar a um aumento nos custos do crédito e mais pressão sobre a economia nos próximos meses.