A filósofa Marilena Chauí defende que o Brasil ainda não possui uma verdadeira democracia, argumentando que a sociedade brasileira é autoritária, hierárquica, e violenta, o que impossibilita a existência de um Estado e uma política realmente democráticos. Em entrevista ao programa DR com Demori, ela destacou que a base de uma sociedade democrática é a criação e preservação de direitos, mas isso ainda não se concretizou no país devido às características autoritárias de sua estrutura social.
Chauí acredita que os movimentos sociais são os principais agentes políticos capazes de impulsionar mudanças democráticas, uma vez que defendem novos direitos e promovem sua garantia. No entanto, ela aponta que a ausência de uma pauta unificada e universal tem sido um grande desafio. Segundo a filósofa, os movimentos sociais estão se fragmentando em torno de identidades específicas, o que dificulta a criação de uma referência comum necessária para uma transformação política efetiva.
Além disso, Chauí discutiu os impactos do mundo digital, descrevendo a atual transformação como uma mutação civilizacional que gera uma nova subjetividade marcada pelo narcisismo e pela dependência da validação alheia. Essa busca constante por reconhecimento contribui para problemas emocionais, como a depressão. Ela também ressaltou a emergência do “empresário de si mesmo”, destacando a precarização do trabalho e a ilusão de autonomia, em contraste com a antiga estrutura da classe trabalhadora que moldava as relações sociais e políticas.