A seca severa de 2024 e a exploração madeireira no Peru têm forçado os Mashco Piro, o maior grupo indígena isolado do mundo, a se aproximarem das áreas habitadas pelos Manchineri, aumentando a tensão na Terra Indígena Mamoadate, localizada na fronteira entre o Brasil e o Peru. O movimento dos Mashco Piro em direção ao território Manchineri gerou preocupações sobre um possível conflito, segundo a entidade indígena Manxinerune Tsihi Pukte Hajene. A ONG Survival International também expressa preocupação, destacando que a atividade madeireira no Peru compromete a integridade do território dos Mashco Piro, pressionando o governo peruano a cancelar concessões de exploração florestal na região.
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) afirma que acompanha a situação na aldeia Extrema e descarta um conflito iminente. Embora os Manchineri tenham relatado um aumento na presença dos Mashco Piro e até mesmo um caso de saque em busca de alimentos, a Funai acredita que o compartilhamento sazonal do território entre os dois grupos indígenas ajuda a reduzir riscos de confrontos diretos. A organização está em contato com lideranças locais e organizações parceiras, fornecendo suporte alimentar e logístico para proteger ambos os povos, especialmente agora, enquanto os Manchineri evitam caçar ou pescar para minimizar o contato com o grupo isolado.
A Survival International e outras entidades indígenas solicitam a instalação de uma base de proteção e de uma unidade de saúde indígena para mediar a situação e evitar maiores tensões. A ONG ressalta que os Mashco Piro, sem imunidade a doenças comuns, são vulneráveis a qualquer tipo de contato externo. Os ativistas alertam que o aumento da presença desses indígenas em áreas habitadas pode ser um reflexo das pressões socioambientais, como a seca e a exploração madeireira, exigindo uma resposta urgente para preservar o território e os direitos de ambos os grupos.