Neste Dia Nacional do Pantanal, o bioma enfrenta uma crise sem precedentes. Dados de pesquisa do MapBiomas indicam que as áreas alagadas do Pantanal vêm diminuindo há décadas, com períodos de cheias mais curtos e secas mais prolongadas. Esse processo tem favorecido a ocorrência de incêndios intensos, afetando profundamente a maior planície alagável do mundo. O estudo revela que em 2023 houve uma redução de 61% no volume de água, comparado à média histórica, o que está transformando o ecossistema e promovendo a expansão de áreas de savana em locais que anteriormente eram permanentemente alagados.
Além do impacto das secas e das queimadas, o Pantanal enfrenta uma crescente pressão do desmatamento e do uso antrópico da terra para agropecuária, especialmente no planalto da Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai (BAP). Desde 1985, a área usada para pastagens exóticas cresceu significativamente, substituindo vegetação natural em ritmo acelerado. Atualmente, 87% das pastagens exóticas na planície pantaneira têm baixo vigor vegetativo, o que altera a dinâmica de retenção de água e contribui para a degradação ambiental do bioma.
O estudo também aponta que o uso antrópico na BAP dobrou de 22% em 1985 para 42% em 2023, com a maioria das transformações ocorrendo no planalto. A conversão de floresta e formações savânicas para pastagem e agricultura intensificou a perda de biodiversidade e compromete a capacidade de renovação das águas, agravando o ciclo de secas e a suscetibilidade a incêndios. Este cenário evidencia a necessidade urgente de políticas públicas para a preservação do Pantanal e o manejo sustentável do bioma, que desempenha um papel vital na regulação hídrica do Brasil.