A bioeconomia, que utiliza recursos biológicos de forma sustentável para promover o desenvolvimento econômico, social e ambiental, ganha destaque quando aplicada à restauração florestal. O estudo recentemente publicado na revista Sustainability Science defende que a restauração de florestas, especialmente com o uso de espécies nativas, pode não apenas recuperar ecossistemas degradados, mas também gerar impactos econômicos positivos a longo prazo. A prática pode criar novas oportunidades para a recuperação ambiental e contribuir para o crescimento da economia, especialmente quando associada à comercialização de créditos de carbono e produtos não madeireiros, como madeira nativa e bioprodutos para fármacos e cosméticos.
A pesquisa destaca que, em algumas regiões da Amazônia brasileira, os sistemas agroflorestais podem ser mais lucrativos que práticas tradicionais como a pecuária e o cultivo de soja. A produção de bens como frutos e outros recursos não madeireiros pode gerar lucros superiores, oferecendo um incentivo econômico ao mesmo tempo em que restaura áreas degradadas. No entanto, os pesquisadores alertam para a necessidade de um equilíbrio entre a exploração desses recursos e a manutenção da integridade ecológica, sem comprometer os esforços de restauração. A regulamentação adequada e o manejo sustentável são essenciais para garantir que a exploração não leve a danos irreversíveis ao meio ambiente.
Apesar dos benefícios econômicos e ambientais, a restauração florestal enfrenta desafios significativos. O mercado de produtos naturais ainda é dominado por espécies exóticas e commodities, o que dificulta a competitividade dos produtos derivados de espécies nativas. Além disso, a aceitação do consumidor e a necessidade de novos incentivos e regulamentações são aspectos fundamentais para fortalecer a viabilidade econômica da restauração bioeconômica. O estudo sugere que uma abordagem colaborativa entre os setores público e privado, juntamente com a inclusão das comunidades locais, é crucial para a adaptação climática e para o desenvolvimento de soluções baseadas na natureza que mitiguem os impactos das mudanças climáticas.