O arcebispo de Canterbury, líder máximo da Igreja Anglicana, anunciou sua renúncia em resposta à pressão gerada por um relatório que examinou o tratamento dado a casos de abuso infantil envolvendo a igreja. O documento revelou falhas institucionais e uma cultura de omissão que permitiu que um caso de abuso em série cometido por um advogado britânico fosse ocultado por décadas. Ao comunicar sua decisão, o arcebispo destacou sua responsabilidade pessoal e institucional pelo atraso em abordar o caso desde que assumiu o posto em 2013.
A revisão independente, publicada recentemente, apontou que líderes eclesiásticos sabiam dos abusos desde a década de 1980, mas falharam em tomar medidas para proteger novas vítimas, especialmente em atividades de acampamentos de verão organizados para jovens. O relatório também mencionou que o arcebispo, em sua posição, havia mantido certo contato com o advogado acusado. No entanto, ele alegou não ter compreendido a gravidade das alegações até a divulgação pública em 2017, quando comprometeu-se a intensificar as ações da igreja contra abusos.
A renúncia do arcebispo representa um evento raro na história da Igreja Anglicana e sublinha o impacto dos casos de abuso na credibilidade da instituição. O processo de sucessão deve durar alguns meses, e há expectativa de que o arcebispo permaneça no cargo até que todos os procedimentos administrativos estejam finalizados. Observadores avaliam que a decisão é uma tentativa de restaurar a confiança na igreja, que tem enfrentado divisões internas e cobranças públicas por maior responsabilização.