O Relatório Pele Alvo, divulgado pela Rede Observatórios da Segurança, revela um padrão preocupante de violência policial com forte componente racial em nove estados brasileiros. De acordo com o levantamento, a maior parte das vítimas de ações policiais são pessoas negras, que representam 74% dos mortos em intervenções da polícia civil e militar no Piauí, estado onde o índice de população negra é de 77%. Nacionalmente, o relatório aponta que uma pessoa negra é morta a cada quatro horas no Brasil, totalizando 4.025 vítimas.
A Bahia lidera em números absolutos, com mais de 1.700 mortes, enquanto o Piauí registrou o menor número de casos, com 27 óbitos no ano, uma redução de 30% em comparação ao ano anterior. Mesmo com essa queda, o estado manteve uma média de uma morte a cada 15 dias resultante de ações policiais em 2023. Em Teresina, capital do Piauí, 51,8% das vítimas das intervenções foram registradas, e a maioria dos casos ocorreu entre jovens de 12 a 29 anos.
O relatório destaca uma maior transparência na disponibilização dos dados étnicos pelas autoridades, o que permite uma análise mais detalhada do impacto racial. Contudo, o documento salienta que a juventude negra continua sendo particularmente vulnerável às ações policiais, refletindo um sistema estrutural de desigualdade social. Segundo a publicação, fatores como classe, território e prestígio intensificam a dicotomia racial e dificultam o combate às práticas discriminatórias nas políticas de segurança pública.