O ex-ministro Walter Braga Netto foi citado 95 vezes no relatório da Polícia Federal, que o indiciou junto com outras 36 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A investigação aponta que Braga Netto teria desempenhado um papel de liderança na articulação do golpe, sendo identificado como um dos responsáveis por planejar ações que visavam subverter a ordem constitucional, com destaque para a interpretação do artigo 142 da Constituição Federal de maneira controversa.
A PF encontrou um manuscrito na mesa de um assessor de Braga Netto, que fazia referência à posse de Lula e sugeria ações relacionadas à Operação 142, uma estratégia alegadamente voltada à tentativa de contestar os resultados eleitorais. O documento, que estava em uma pasta intitulada “memórias importantes”, foi descrito como um esboço para um movimento golpista, de acordo com o inquérito. A defesa do ex-ministro afirmou que o material era apenas um preparatório para questões de imprensa e de participação em comissões parlamentares de inquérito, e que as anotações não tinham relação com qualquer ato golpista.
Em resposta à operação, a defesa destacou que o assessor de Braga Netto não foi alvo da ação policial e que os materiais encontrados eram de uso pessoal. Segundo a nota, as discussões sobre o artigo 142 da Constituição eram amplamente debatidas em diversos círculos políticos e legais naquele período. A Polícia Federal, por sua vez, considera que as evidências encontradas demonstram uma clara intenção de subverter o Estado Democrático de Direito. O caso continua a ser acompanhado de perto, e o inquérito segue em investigação para aprofundar os detalhes sobre os planos identificados.