Atualmente, cerca de 90 milhões das 123 milhões de pessoas deslocadas à força em todo o mundo vivem em regiões com alta suscetibilidade a riscos climáticos, um aumento de 5 milhões entre 2023 e 2024. Esses dados são parte do relatório “Sem escapatória: na linha de frente das mudanças climáticas, conflitos e deslocamento forçado,” publicado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) durante a COP29 em Baku, Azerbaijão. O relatório, desenvolvido com a colaboração de várias entidades, destaca o impacto crescente das mudanças climáticas nas populações deslocadas.
Segundo o Acnur, quase metade das pessoas deslocadas enfrentam uma dupla vulnerabilidade, expostas tanto a desastres climáticos quanto à violência em zonas de conflito. Entre os países mais afetados estão Sudão, Síria, Haiti, República Democrática do Congo, Líbano, Mianmar, Etiópia, Iêmen e Somália. Além disso, nos últimos dez anos, desastres climáticos causaram 220 milhões de deslocamentos internos, com cerca de 60 mil novos casos diários. Muitos desses deslocamentos ocorrem em contextos de conflito, dificultando ainda mais o retorno das pessoas às suas comunidades.
O futuro para as populações deslocadas é incerto, com previsões preocupantes para as próximas décadas. Até 2040, o número de países enfrentando condições climáticas extremas deverá saltar de três para 65, sendo a maioria deles anfitriões de populações deslocadas. Projeta-se que, até 2050, os campos de refugiados verão o dobro de dias com calor extremo. Em meio a esse cenário, o financiamento para adaptação climática em países vulneráveis continua insuficiente, com apenas US$ 2,10 per capita por ano.