Um relatório de 884 páginas elaborado pela Polícia Federal revela detalhes de uma tentativa de atribuição de responsabilidade pelas invasões golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, a membros do governo. A investigação aponta que um oficial de alta patente, atuando na Secretaria-Geral da Presidência, teria desenvolvido estratégias e documentos para acusar o ministro da Justiça da época pela omissão que teria facilitado os ataques. Entre os materiais apreendidos, foi encontrado um caderno com anotações sobre a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), sugerindo uma articulação para responsabilizar o ministro pela falta de ações preventivas.
Além disso, um arquivo de estratégia encontrado em um HD externo detalhava o papel da oposição na CPMI, com o objetivo de vincular os atos golpistas ao governo eleito, afastando os responsáveis pela conspiração e buscando desgastar a imagem do atual governo. A investigação também destaca o envolvimento de militares de alta patente em um esquema mais amplo, que incluía a elaboração de planos para desestabilizar o governo, incluindo a possibilidade de um impeachment.
O relatório destaca que, além da tentativa de manipulação política, o oficial investigado foi um dos articuladores de um plano mais radical, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que envolvia ações violentas contra figuras do governo eleito. A Polícia Federal prendeu vários envolvidos, e a investigação segue para apurar o alcance da conspiração, com indícios de um planejamento mais amplo que visava desestabilizar a democracia.