Um relatório da Polícia Federal divulgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) detalha estratégias de um grupo organizado para minar o sistema eleitoral e enfraquecer o regime democrático no Brasil. O documento, que faz parte de um inquérito envolvendo mais de 30 pessoas, aponta ações para deslegitimar o processo eleitoral por meio de discursos direcionados e articulações que buscavam impedir a execução de ordens judiciais. As investigações revelaram o uso de reuniões estratégicas e anotações que indicavam tentativas de influenciar órgãos públicos para proteger apoiadores políticos e interferir em investigações.
O relatório descreve supostos esforços para coagir integrantes do sistema de justiça, incluindo a Polícia Federal, por meio de interpretações jurídicas consideradas inconstitucionais. Foi identificado um plano para que a Advocacia-Geral da União (AGU) fosse usada como meio de contestar ordens judiciais, criando um precedente que colocaria em risco a independência dos poderes. Esses esforços incluíam a criação de pareceres administrativos destinados a bloquear ações legais contra os envolvidos no grupo político.
Além disso, os investigadores destacaram a formação de um gabinete de crise para atuar em cenários específicos, incluindo datas próximas a eventos decisivos, como as eleições. Documentos relacionados à colaboração premiada de um ex-assessor também foram citados como evidências. A Procuradoria-Geral da República (PGR) avaliará o material para decidir sobre possíveis denúncias. O caso levanta questões sobre a tentativa de instrumentalização de instituições públicas e os riscos ao sistema democrático.