A relação entre os Estados Unidos e a China permanece marcada por tensões, independentemente de quem ocupa a presidência norte-americana. Segundo análise do professor Carlos Gustavo Poggio, especialista em Ciência Política, a visão de que a China é um competidor estratégico e potencial inimigo é compartilhada tanto pelo presidente Joe Biden quanto pelo ex-presidente Donald Trump. Essa posição reflete um raro ponto de bipartidarismo na política dos EUA, mesmo diante de divergências em outras áreas.
Apesar desse consenso, existem diferenças nas abordagens. Biden e os democratas integram questões de valores, direitos humanos e democracia em suas políticas em relação à China, enquanto Trump adota uma postura mais focada na dimensão econômica, sem considerar valores como prioritários. A retirada dos EUA do Acordo de Parceria Transpacífico durante o governo Trump, por exemplo, abriu espaço para a influência chinesa na América Latina, onde a China já desempenha um papel significativo como parceiro comercial de países como Brasil e Peru.
A análise sugere que políticas protecionistas, como tarifas elevadas defendidas por Trump, poderiam afastar os países latino-americanos dos EUA, ampliando ainda mais o espaço para a atuação chinesa na região. Essa dinâmica ilustra a complexidade das relações entre essas potências globais, que têm implicações econômicas e geopolíticas amplas.