Os recentes encontros entre Brasil e Argentina, marcados pela participação na Cúpula do G20 no Rio de Janeiro e a assinatura de um acordo para o fornecimento de gás argentino ao mercado brasileiro, indicam avanços pontuais, mas as tensões diplomáticas permanecem evidentes. Apesar de a Argentina aderir à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, proposta pelo governo brasileiro, especialistas apontam que o estilo político conservador e nacionalista do governo argentino pode dificultar uma maior aproximação. O distanciamento ficou claro na postura dos presidentes durante o evento, em que gestos e declarações revelaram desconforto e desacordos latentes.
A postura do governo argentino em relação a temas globais, como a agenda climática, contribui para o clima de incerteza. Enquanto o Brasil defende compromissos multilaterais, como a Agenda 2030 e a próxima COP30, o presidente argentino adota uma posição crítica a esses acordos, acusando-os de interferência na soberania nacional. Essa divergência ficou evidente quando a Argentina abandonou a COP29 dias antes do G20, gerando questionamentos sobre o compromisso do país com iniciativas globais de sustentabilidade.
Além disso, o alinhamento argentino com os Estados Unidos e a defesa de um modelo econômico baseado no livre mercado podem gerar novas tensões na América Latina. A busca por acordos bilaterais, à margem de blocos regionais como o Mercosul, pode prejudicar a cooperação com o Brasil e outros países do continente. Apesar das dificuldades, o acordo energético entre os dois países é visto como um esforço pragmático que ressalta a necessidade de diálogo para enfrentar desafios econômicos e sociais, mesmo em um cenário político polarizado.