Projetos de reflorestamento voltados para o sequestro de carbono têm crescido, mas muitos negligenciam a biodiversidade nas áreas recuperadas. O uso predominante de espécies exóticas e a falta de planejamento para garantir a inclusão de espécies nativas, especialmente aquelas de vida longa, como as clímax, são desafios frequentemente ignorados. A inserção dessas espécies é fundamental para a preservação da biodiversidade, não só da flora, mas também da fauna, do solo e da água. O Jardim Botânico Araribá (JBA) e outras instituições estão trabalhando para mudar essa realidade, orientando projetos que vão além do sequestro de carbono e promovem a vida em todos os seus aspectos.
Para ajudar a orientar esses projetos, foi lançado o Padrão Global de Biodiversidade (TGBS) pelo Botanic Gardens Conservation International (BGCI), que visa certificar iniciativas de reflorestamento que priorizam a biodiversidade. Esse padrão busca melhorar a qualidade dos projetos, incentivando a conservação da biodiversidade e o uso de espécies nativas. A certificação, lançada durante a COP16 da Biodiversidade, em 2024, já foi aplicada em projetos em países como Bolívia, Colômbia e Uganda, e está sendo introduzida no Brasil por meio do JBA.
Apesar do avanço das certificações, ainda existem desafios, como a escassez de mudas de árvores nativas, especialmente de espécies clímax, que são mais difíceis de reproduzir e têm um custo elevado. No entanto, a implementação do TGBS visa criar um ciclo virtuoso, estimulando o aumento da oferta dessas mudas nos viveiros. A certificação traz segurança e credibilidade tanto para governos quanto para empresas que financiam projetos de reflorestamento, garantindo que estão adotando práticas que realmente contribuem para a restauração ambiental e a preservação da biodiversidade global.