A proposta de redução da jornada semanal de trabalho de 44 para 36 horas exige uma análise que vá além da simples alteração numérica, considerando seus impactos na economia e na sociedade. Embora a medida possa parecer benéfica em termos de criação de empregos, especialistas apontam que decisões dessa magnitude devem emergir de negociações entre empregadores e trabalhadores, respeitando as particularidades setoriais e regionais. A reforma trabalhista de 2017 já oferece flexibilidade para a definição da jornada em acordos coletivos e individuais, refletindo avanços no diálogo trabalhista sem a necessidade de uma legislação uniforme.
Dados do IBGE mostram que a jornada média no Brasil já vem diminuindo naturalmente, chegando a 39,2 horas semanais em 2024, sem imposições legais. Essa tendência reflete mudanças estruturais no mercado de trabalho, como o crescimento do trabalho remoto, novas profissões digitais e o impacto da inteligência artificial. Uma redução compulsória da carga horária, entretanto, pode aumentar custos, dificultar a competitividade das empresas e impactar negativamente micro e pequenas empresas, setores cruciais para a economia nacional.
O texto destaca que o aumento da produtividade é o principal desafio para a geração de empregos e crescimento econômico sustentável. Para isso, é essencial investir em tecnologia, capacitação profissional e modernização dos processos produtivos, enquanto se mantém um ambiente de diálogo entre trabalhadores e empregadores. A flexibilidade e a adaptação às transformações do mercado continuam sendo a melhor abordagem para equilibrar a proteção dos direitos trabalhistas com a competitividade econômica do Brasil.