As redes sociais têm desempenhado um papel central na dinâmica eleitoral dos Estados Unidos, contribuindo para a intensificação da polarização e alterando profundamente os espaços de debate político. Segundo o cientista político Renato Dolci, as plataformas digitais já não encaram a desinformação e os debates acalorados como problemas, mas como elementos naturais de seu funcionamento, aceitando a criação de ambientes altamente polarizados. Este fenômeno tem transformado a forma como as campanhas políticas se comunicam com o eleitorado, especialmente com a crescente importância de canais como os podcasts, que têm sido mais utilizados por políticos como Donald Trump e Kamala Harris, em comparação com entrevistas tradicionais na televisão.
Além disso, o cientista político aponta que essa mudança no padrão de comunicação reflete um deslocamento no eixo tradicional da disseminação de informações. As plataformas digitais, com seu alcance global e sua capacidade de segmentação, têm desafiado os meios de comunicação convencionais, impactando diretamente os debates públicos e a formação de opinião. Para Dolci, isso implica uma transformação não apenas nas táticas eleitorais, mas também no comportamento do eleitorado, que agora interage de maneira mais direta e fragmentada.
O impacto global das eleições americanas também foi destacado, com um número significativo de menções nas redes sociais, evidenciando a repercussão dos debates e eventos políticos além das fronteiras dos EUA. De acordo com Dolci, as plataformas digitais desempenharam um papel decisivo na maneira como o debate político se desenvolveu, deixando que ele ocorresse de maneira mais livre, mas também mais polarizada. Esse fenômeno tem repercussões importantes não só nos Estados Unidos, mas também em outros países, como o Brasil, onde os debates políticos internacionais frequentemente refletem questões locais.