Duas grandes redes de supermercados francesas, Carrefour e Intermarché, decidiram suspender a comercialização de carnes provenientes do Mercosul em suas lojas na França, alegando a necessidade de proteger a indústria e a agricultura nacionais. Embora representem 35% do mercado francês, a medida será limitada ao território francês, enquanto nos demais países, como o Brasil, a venda de carnes sul-americanas continuará. No Brasil, o impacto econômico é mínimo, mas a decisão gerou repercussão política, incluindo debates sobre um possível boicote às redes.
A decisão das redes ocorre em meio às tensões sobre a assinatura do acordo entre Mercosul e União Europeia, em negociação há mais de três décadas. A França, tradicionalmente protecionista, tem liderado esforços contrários à aprovação do tratado, destacando preocupações com sua indústria local e questões ambientais. Enquanto países como Alemanha e Espanha apoiam o acordo, a necessidade de unanimidade na União Europeia para sua aprovação continua sendo um obstáculo, com o governo francês mantendo oposição firme.
No Brasil, a medida foi recebida como uma possível pressão indireta contra o avanço do acordo. Autoridades brasileiras, durante o G20, reafirmaram expectativas de aprovação do tratado, mas enfrentam desafios frente à resistência francesa. Apesar disso, especialistas apontam que o impacto comercial direto da decisão dos supermercados é limitado, embora a situação possa alimentar debates sobre nacionalismo econômico e protecionismo em ambas as regiões.